segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Gilda Marinho



Recepção no hotel Plaza São Rafael,  Gilda Marinho em pé


Nascida em Pelotas, no ano de 1900, esta porto-alegrense de coração, fez história na em nossa cidade, sobretudo na área cultural, foi jornalista, uma das primeiras mulheres a trabalhar na imprensa gaúcha, tradutora, professora de Artes da UFRGS, mas, sem dúvida alguma seu sucesso maior foi como colunista social.

Sempre transbordando em alegria, quebrou regras, como quando consegui ser admitida na confraria gastronômica Le Bom Gourmet, que até então era exclusiva para homens, Gilda foi a exceção, foi uma mulher de vanguarda, considerada muito adiantada para a época em que viveu, conforme seu amigo pessoal Roberto Gigante, “ Gilda foi a primeira em tudo, a pintar o cabelo, a dirigir carros e até a fumar”. Agitadora se dizia comunista, se vestia de modo extravagante, grandes óculos, sapatos coloridos, era uma festa só, transitava com naturalidade nos vários setores da sociedade, morava no edifício Clube do Comércio, nas décadas de 50 e 60 que era considerado sinônimo de “status”, e só “Gente Fina” morava ali, protagonista de inúmeras histórias engraçadas, elegemos uma retirada do livro Os anos Dourados na Praça da Alfandega de José Rafel Rosito Coiro, o autor relata a paixão de Gilda por jogos de cartas, naquela época, os figurões políticos e os milionários jogavam no Clube do Comércio, Gilda Marinha passava horas jogando, e devido a sua fama tinha uma prerrogativa, ela descia de seu apartamento no sétimo andar, até o primeiro e dali através de uma porta, chegava as salas de jogo, isto é, não passava na portaria, nem precisava sair a rua para jogar, fez isso por 15 anos, num determinado momento foi criado uma portaria no clube na qual ficava terminantemente proibida que fossem servidas refeições nas mesas de jogos, imaginem o que significava para os jogadores esta Lei, já que quando estavam jogando não se levantavam para nada, Mas Gilda com sua tradicional irreverência numa longa noite de jogos, solicitou um filé mal passado e aspargos na manteiga, o garçom, conforme determinação relutou em atender mas acabou vencido, temeroso por se tratar de Gilda Marinho, sem antes ter que ouvir diversos impropérios sobre o Presidente, quando o presidente do clube soube, ficou uma “fera” convocou uma reunião extra urgente e por unanimidade a resolução foi suspender Gilda Marinho por trinta dias, de imediato a ordem foi para a secretária do clube, porém não encontraram a ficha de sócia, conclusão, Gilda jamais tinha sido sócia do Clube, nova reunião de diretoria, então um dos conselheiros fez a defesa de Gilda Marinho, onde chamou a atenção para o fato dela ser uma pessoa muito particular, e que Gilda fazia parte do Clube de seu folclore, e que o Clube devia muito mais a ela, do que o ela Clube e que tinha sido ela, como profissional de imprensa que mais tinha promovido o Clube, após a Diretoria, novamente por unanimidade resolveu conceder um título de sócia, ela ao receber o referido título disse “que era sócia do clube a mais de dez anos, pois fiz usucapião do título de sócia”. Hoje no Clube existe a Sala de Jogos Gilda Marinho.

Literatura sobre Gilda Marinho pode ser encontrado em “A vaca nua” de Eduardo Krause e “Memórias Alinhavadas” de Rui Spohr.

Gilda morreu em Porto Alegre, em 1984, sem antes porém de passar batom e espalhar perfume no quarto em que estava internada.

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